Manoel Francisco dos Santos - Garrincha

 Academia Virtual Mageense de Ciências, Letras e Artes - AVIMACLA

Presidente: Ivone Boechat

Patrono: Antônio de Paiva Fernandes

Acadêmico: Givaldo Dias Guerra

Cadeira: 17

MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS

GARRINCHA

Manoel Francisco dos Santos (1933-1983) filho de Amaro Francisco dos Santos e Maria Carolina dos Santos, nasceu em Pau Grande, no 6° Distrito de Magé, no Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro de 1933.

A história da família por lá é muito antiga. Começou com Mané Caieira, tio de Garrincha, que prosperou no local e chamou os irmãos para deixarem Alagoas no Nordeste do país, em busca de uma vida melhor ao pé da serra fluminense no 6° Distrito de Magé- RJ

Garrincha foi criado em uma família de quinze irmãos e, desde a infância, destacou-se nas peladas de futebol.

Em 1953, Garrincha começou a jogar no Botafogo de Futebol e Regatas, clube que defendeu, até 1965, conquistando vários títulos. Com suas pernas tortas e dribles rápidos, Garrincha se tornou um verdadeiro terror para os zagueiros adversários que o marcavam.

Garrincha começou por ser apelidado de ‘Gualicho’, tal era a sua velocidade, semelhante ao cavalo Gualicho, o qual vinha sendo, no longínquo ano de 1953, o máximo acontecimento do prado brasileiro. Porém, o grande atleta Manoel dos Santos acabaria por ser batizado por Garrincha, ganhando tal apelido por conta da sua grande diversão de caçar as suas xarás pelas matas de Paulo Grande, no distrito de Magé, onde nasceu, embora fosse filho de pai alagoano, natural de Quebrangulo e criado na aldeia dos fulniôs, índios de origem pernambucana,

Os craques Garrincha e Gualicho não ficaram a dever nada um ao outro, mas Garrincha foi mais longe do que os aplausos de 100 mil espectadores ao craque das pistas; Garrincha, o maior astro de todos os tempos do Botafogo de Futebol e Regatas, foi amado por todos os brasileiros e tornou-se a ‘Alegria do Povo’, conquistando as Copa do Mundo de 1958 e 1962, a Copa Roca de 1960, as Taças Oswaldo Cruz de 1958, 1961 e 1962 e a Taça O´Higgins de 1955, 1959 e 1961.

Garrincha foi um futebolista brasileiro que marcou seu nome na história do futebol com seus dribles rápidos e desconcertantes. Seu estilo de jogador é inigualável

Em 1955, foi convocado para jogar na Seleção Brasileira. Jogou em três Copas do Mundo, 1958, 1962 e 1966. Conquistou a Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando foi eleito O MELHOR PONTA DIREITA DO MUNDO. Conquistou o BIcampeonato no Chile, em 1962. Com a seleção brasileira foram 60 jogos com 52 vitórias, 7 empates, 1 derrota e 16 gols marcados.

Depois do Botafogo, já apresentando problemas no joelho, Garrincha jogou no Corinthians (1966), Portuguesa (1967), Atlético Júnior da Colômbia (1968), Flamengo (1968), Olaria (1972) e no time dos Milionários, entre 1974 e 1982.

Garrincha teve 13 filhos de quatro relacionamentos. Viveu durante 15 anos com a Cantora Elza Soares. Recebeu diversas homenagens como o poema de Vinícius de Morais, “O Anjo de Pernas Tortas”, os versos de Drummond de Andrade, o documentário de Joaquim Pedro de Andrade “Garrincha, Alegria do Povo” e a biografia “Estrela Solitária” de Ruy Castro.

Em 1979, já bem fragilizado e doente, Garrincha foi acolhido no 6° Distrito de Magé por uma ex-esposa e mãe de dois filhos seus que estudavam no Centro Educacional Visconde de Mauá, em Piabetá.

Essa história é muito bonita, porque seus filhos, mesmo tendo pouquíssima convivência com Garrincha, ficaram sensibilizados com a situação que ele estava enfrentando. Contaram que o pai sobrevivia com um pequeno "salário" que recebia de uma instituição.

Nesse ano de 1979, Garrincha pediu para ir morar com os filhos, em Fragoso, porém, a ex-esposa se sentiu insegura: permitir ou não? Então foi conversar com a professora Ivone Boechat, diretora da Escola onde estudavam.

A professora Ivone conta que analisou a situação com ela e ponderou:

- Seus filhos são apaixonados pelo pai e não vão lhe perdoar se a senhora fechar- lhe a porta num situação dessa. Quero ajudar. Posso ir lá visitar Garrincha?

No outro dia, lá estavam a professora Ivone, seu esposo, Nelci e o professor de História da Escola, Otalias Vieira, na casa onde Garrincha se hospedou. Conversaram com ele e deixaram palavras de ânimo e incentivo para ele não se deixar abater.

Relato da Profa Ivone:

Tive a ideia de promover um curso de futebol para o time da Escola que eu dirigia e convidei Garrincha. Ele disse que iria e só alertou para não divulgar na imprensa. Pediu segredo.

Como fazer discretamente algum evento com a presença do Garrincha? Quando o time da escola soube que o ídolo do futebol iria, em carne e osso, dar o curso, de ouvido em ouvido, a notícia se espalhou.

No primeiro dia da aula, quando entramos no recinto da Escola com Garrincha, já havia dois repórteres no portão. Foram despistados!

O curso foi dado na quadra de esportes do Centro Educacional Visconde de Mauá e os alunos não sabiam se jogavam ou se admiravam o maior jogador de futebol do mundo.

Durante o Curso de um mês (instrução uma vez por semana) a alegria tomou conta dos alunos e do ilustre professor.

É um marco histórico. Parecia um sonho para aqueles meninos do 6° Distrito de Magé.

Garrincha faleceu no Rio de Janeiro, vítima de cirrose hepática, no dia 20 de janeiro de 1983.

GARRINCHA

O ANJO DAS PERNAS TORTAS

Vinícius de Moraes:

"A um passe de Didi, Garrincha avança

Colado o couro aos pés, o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento

Dribla mais um, mais dois; a bola trança

Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita

Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!

É pura imagem: um G que chuta um o

Dentro da meta, um É pura dança!"

MORAES, Vinicius de. O anjo das pernas tortas. In: FERRAZ, Eucanaã; CÍCERO, Antonio. Nova antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p.217

A ACADEMIA VIRTUAL MAGEENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES - AVIMACLA

RECONHECE MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS -GARRINCHA

PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ

PELA GENIALIDADE NO EXERCÍCIO DE SUA PROFISSÃO E HONRAR MAGÉ PERANTE O MUNDO.

Magé, 09 de junho de 2021

Ivone Boechat

presidente

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