Almir Cabral Martins

 Academia Virtual Mageense de Ciências, Letras e Artes – AVIMACLA

Presidente: Ivone Boechat

Patrono: Joaquim Francisco da Silveira

Acadêmica: Renata Moreira Goulart da Silveira Guerra

Cadeira: 2

PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ

ALMIR CABRAL MARTINS, um mageense que não pode ser esquecido.

Segunda-feira, 30 de agosto de 1920. Um dos assuntos mais comentados nas rodas de conversa em Magé - RJ se relacionava com a proximidade da visita do Rei Alberto I e da Rainha Elizabeth da Bélgica ao Brasil que ocorreria no mês seguinte. Foi em meio a este clima que neste dia nasceu, no primeiro distrito do município de Magé, Almir Cabral Martins. Filho de Quirino da Costa Martins e Felismina da Costa Martins (Dona Mulata). O casal teve seis filhos – Almir, Manoel, Altamir, Altair, Gertrudes e Maria.

Por volta do ano de 1936, após 18 anos de casados, quando Almir ainda era adolescente, seus pais se separaram. Com muita coragem e determinação, Felismina resolveu que não se submeteria aos mandos e desmandos do marido em um casamento que a oprimia. Com os filhos foi viver no Rio de Janeiro, onde a família com muita luta e sacrifício se estabeleceu tendo Almir como principal suporte. Assim, Almir passou a residir no Rio de Janeiro - DF com a mãe e irmãos e o seu pai permaneceu na cidade de Magé - RJ.

As visitas de Almir à sua cidade natal eram constantes, onde se encontrava com o pai, familiares e amigos. Tinha uma amiga especial, dois anos mais nova que ele – Léa Goulart da Silveira, filha de Manoel Francisco da Silveira e Elvira Goulart da Silveira. Durante anos Almir e Léa compartilharam dessa amizade que com o tempo tornou-se namoro, noivado e culminou com o casamento dos dois em 11 de abril de 1953. O casal a princípio fixou residência no Rio de Janeiro, porém Léa era professora pública municipal em Magé e com o decorrer do tempo ficou muito difícil conciliar a vida profissional, atenção aos seus pais (que viviam em Magé), com ela residindo no Rio de Janeiro. A certa altura, já com duas filhas, Sheyla Elvira e Carmem Jussara, o casal decidiu que seria mais adequado que morassem em Magé e Almir se deslocasse para trabalhar no Rio de Janeiro. Assim fizeram e viveram até o final da vida em Magé.

Almir começou a trabalhar muito cedo, tendo exercido atividades profissionais em padaria, fábrica de agulhas para seringas de injeção, escritório de contabilidade... Sempre dedicado à família e aos estudos, formou-se em Contabilidade e manteve por trinta anos o reconhecido “Escritório Técnico de Contabilidade” no Edifício Guanabara - Praça Tiradentes, 9 - 5º andar, sala 504 - Rio de Janeiro - RJ, além de uma filial do mesmo a Rua João Valério - Ed Pires Domingues - 1º andar - sala 3 - Magé - RJ (este último esteve em funcionamento por um período menor de tempo, em função da dificuldade de Almir se dividir entre ambos). Após a aposentadoria oficial, continuou por muito tempo atendendo de forma particular alguns antigos clientes, fazendo a contabilidade de pessoas físicas ou jurídicas no pequeno escritório montado na sua residência em Magé.

Tinha como hobby a fotografia e deixou um excelente acervo de registros familiares e da vida sociocultural mageense. Somente de eventos como desfiles carnavalescos, cívicos, miss, apresentações artísticas e todo leque de atividades sociais de Magé, o acervo fotográfico deixado por Almir é composto por mais de 3500 fotos (não considerando as que são apenas de interesse familiar que são de quase igual quantidade). Todas feitas pelo prazer de registrar de forma gratuita os acontecimentos festivos e locais pitorescos da terra de que tanto amava ser filho. Este acervo, hoje digitalizado, já teve pequena parte divulgada em redes sociais do município, oportunizando ao povo mageense o acesso a sua apreciação. Pelo que se sabe até antão, Almir Cabral Martins e o seu concunhado Jorge Matuck, esposo da cunhada Rizolêta Goulart da Silveira Matuck (irmã de Léa), são os responsáveis pelos maiores registros fotográficos da vida no primeiro distrito de Magé, feitos de forma graciosa, apenas pelo amor a cidade em que viviam. Jorge Matuck deixou acervo menor, porém de uma qualidade insuperável, pelo fato de ele mesmo ter um laboratório particular de revelações fotográficas em sua residência. A dedicação desses dois homens ao prazer da fotografia, faz chegar até nós uma Magé que foi privilégio de outras gerações conhecerem. Certamente muitos já viram fotografias de algum evento ocorrido na cidade de Magé e não têm o conhecimento de que foram feitas por Almir Cabral Martins ou por Jorge Matuck.

Almir se juntou ao grupo que sonhou em ter na cidade, um clube especial que fosse dedicado a eventos sociais, arte e cultura. Desta forma participou da fundação e da primeira Diretoria do Espacial Social Clube de Magé.

Um homem calmo, educadíssimo, metódico, prestativo e amável, sempre querido por todos. Este grande torcedor do América Futebol Clube, despediu-se da vida no dia 9 de novembro de 2003, aos 83 anos, deixando extremamente saudosos, a esposa Léa Goulart da Silveira Martins, as filhas Sheyla Elvira Goulart da Silveira Martins Ullmann e Carmem Jussara Goulart da Silveira Martins, três netos - Pedro Paulo Martins Ullmann, Ana Carolina Martins Ullmann e Matheus Martins Ullmann (filhos de Sheyla Elvira e Carlos José Ullmann), cunhados (que eram mais que irmãos), sobrinhos (teve apenas uma sobrinha natural, os demais eram sobrinhos de Léa que o adotaram como verdadeiro tio e sempre o amaram profundamente), vizinhos e amigos.

Além do grande legado humano, o casal Almir e Léa deixou um grande tesouro sobre a história mageense. Durante os anos de 1942 a 1954, o casal trocou mais de 300 cartas onde junto as suas histórias particulares, narraram um para o outro, muitos fatos ocorridos na cidade de Magé. Desta forma existe o registro material e palpável de acontecimentos que muitos contam de ter ouvido falar e foram sendo deturpados com o tempo, que através dessas cartas podem ser revelados como se passaram a época. Um dos exemplos muito interessantes é a narrativa de Léa contando para Almir como foi a inauguração do edifício da Prefeitura Municipal de Magé. Um dia, quem sabe, informações históricas deste acervo venham a conhecimento público. Por hora este é parte do tesouro familiar “Goulart da Silveira”.

(Pesquisa de Renata Moreira Goulart da Silveira Guerra - Teresópolis, 07 de junho de 2022)

Por sua capacidade de registrar a história de Magé e contribuir com um valoroso acervo histórico do Município, a Academia Virtual Mageense de Ciências , Letras e Artes - AVIMACLA reconhece que ALMIR CABRAL MARTINS É UMA PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ.

Magé, 08 de junho de 2022 Presidente

Ivone Boechat

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