sábado, 11 de fevereiro de 2023

Avelino Barcelos

 Academia Virtual Mageense de Ciências, Letras e Artes - AVIMACLA

Presidente: Ivone Boechat
Patrono: Joaquim Francisco da Silveira
Acadêmica: Renata Moreira Goulart da Silveira
Cadeira: 2
PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ
DR. AVELINO FERREIRA DE BARCELLOS
Nascido no ano de 1866 no Estado do Rio de Janeiro, Avelino Ferreira de Barcellos, filho de Nazario Francisco Cadena e Florinda Roza da Conceição, teve uma vida pontuada pelo comprometimento com o exercício da medicina e luta pelo bem estar coletivo. Trabalho exercido com competência, generosidade, dedicação e zêlo por seus pacientes e o povo em geral.
As proclamas de seu casamento com Adelaide Ferreira de Barcellos, foram lidas na Capela Imperial do Rio de Janeiro, em 20 de dezembro de 1885, e em seguida, no ano de 1886, o casal se uniu em matrimônio. Tem-se notícia que de que Avelino e Adelaide tiveram quatro filhos - Ataliba, Abigail, Atila e Amandina.
No ano de 1876, Avelino era aluno do Colégio Magalhães, dirigido pelo Dr. M. de Magalhães Couto e localizado à Rua da Ajuda, 77 - Rio de Janeiro. No dia 16 de dezembro as férias escolares tiveram início, sendo marcado o seu término para o dia 19 do mês de janeiro de 1877. Foram premiados sete alunos por aplicação e comportamento. Dentre eles o jovem Avelino Ferreira de Barcellos.
Iniciou o seu curso de Medicina no ano de 1882 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, concluindo o mesmo no ano de 1887. Com aprovação plena, no dia 2 de setembro de 1887, apresentou a Tese “Diagnóstico da comoção e da contusão cerebrais” à banca examinadora da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Às 11 horas da manhã do dia 18 de janeiro de 1888, realizou-se a solenidade de Colação de Grau aos Doutorandos de Medicina do ano de 1887. Habilitou-se então ao exercício da profissão o Dr. Avelino Ferreira de Barcellos.
Tornou-se proprietário de uma fazenda localizada as margens da Estrada do Quebra-Coco na Freguesia de São José da Boa Morte e naquela região sempre deu o melhor de si para atender ao povo em suas necessidades básicas, sendo relacionadas a saúde ou não.
No primeiro dia do mês de fevereiro de 1899 foi nomeado 2º suplente de sub delegado da Freguesia de São José da Boa Morte. Por indicação do Delegado de Sant’Anna de Japuhyba, tornou-se sub delegado do terceiro distrito daquela localidade no mês de julho de 1899.
Em março de 1890 o Dr. Avelino publicou o seguinte comunicado no Jornal “Gazeta de Notícias” de março (edição 0075):
“Sant’Anna de Macacu
São José da Boa Morte
O Dr. Avelino Barcellos communica aos seus amigos e clientes, que desde 7 do corrente mudou o seu consultório para o Subaio, casa em frente à capella, aonde é encontrado das 10 horas da manhã as 4 da tarde, para atender a consultas e qualquer chamado, sendo para os pobres gratis. Fora d’estas horas, pode ser procurado em sua residencia no logar denominado Laura, nas cachoeiras de Guapyassu.”
No início do mês de agosto do ano de 1890, foi nomeado para Membro do Conselho da Intendência do município de Sant’Anna de Macacú, pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Chegou ao Rio de Janeiro, proveniente de Guapy-Assú, na terça-feira, dia 3 de fevereiro de 1891 o Dr. Avelino. Suas viagens eram constantes para compra de insumos para o seu consultório e contatos políticos que trouxessem benefício para a região onde atuava.
O processo eleitoral que culminou na eleição de 31 de janeiro de 1892, na 3ª zona eleitoral - Freguesia de São José da Boa Morte foi questionado por visível fraude. Na sessão votariam 107 eleitores, porém o comparecimento foi de 46 e assinaram o livro, mais três que chegaram após o termino da votação e com a urna já aberta. Ao ser divulgada a apuração da sessão, o edital informa que deixaram de votar 58 eleitores e assinaram o comparecimento 70. Afirma o edital que todos votaram na chapa Porciuncula. Diante de tal situação, foi feito um abaixo assinado denunciando a fraude. A assinatura do Dr. Avelino Ferreira de Barcellos encabeça o documento denúncia.
Em ato de 23/7/1904 assumiu a função de Delegado de Hygiene de Sant’Anna de Japuhyba.
No ano de 1904 clinicava no município de Itaborahy, mais precisamente no distrito de Itamby.
Em 1906 candidatou-se a vereador na localidade de Sant’Anna de Japuhyba. Recebeu 246 votos, sendo o candidato mais votado.
Apesar de ser clínico e residente em Cachoeira de Guapy-Assú no Município de Sant’Anna de Japuhyba no ano de 1909, já tinha um grande envolvimento com a população de Santo Aleixo, onde também passou a clinicar uma vez por semana a partir do ano de 1908.
No lançamento do Imposto de Industria e Profissões para o exercício de 1911 para Santo Aleixo - 2º Distrito de Magé, o Dr. Avelino foi taxado em 50$, o que contestou e obteve a isenção.
Não era possível conciliar a vida da família, que desejava ter os filhos dando sequência aos estudos, e a vida em região rural, por isso a família passou a ter residência também em Niterói.
O sábado, seis de maio de 1911 foi um dia especial na vida do Dr. Avelino, que na ocasião clinicava em Magé. Sua filha Amandina Ferreira de Barcellos, se casou em cerimônias no civil e religioso com o Ten. Joaquim Gonçalves, funcionário da Leopoldina Railway na cidade de Niterói, onde residiam.
Na segunda-feira, 17 de junho de 1912, hospedou-se na pensão Americana, na cidade do Rio de Janeiro, fugindo a tradição de se hospedar habitualmente no Hotel Globo.
No ano de 1913, ainda atuava como médico no município de Sant’Anna de Japuhyba, quando os companheiros médicos da turma de 1887 da Faculdade de medicina do Rio de Janeiro comemoraram o Jubileu de Prata de sua formatura. Em Missa celebrada na Igreja de São Francisco de Paula, no dia 18 de janeiro, foram lembrados e homenageados os colegas já falecidos. No dia 19, reuniram-se para um almoço de confraternização no Hotel Itamaray na Tijuca. Embora desejando estar presente aos atos comemorativos, o Dr. Avelino Ferreira de Barcelos, não pôde ir rever os colegas e relembrar o seu tempo de acadêmico de medicina, pela distância em que se encontrava e compromissos que o impediam de se ausentar naquele momento de sua cidade. Enviou apenas saudações aos amigos.
Em 1914, como Membro do Partido Republicano Conservador, o Dr. Avelino compunha em Sant’Anna de Japuhyba, juntamente com o coronel João Pereira da Silva e José da Costa Ramos as maiores influências políticas da localidade.
Na visita do Senador Nilo Peçanha a Sant’Anna de Japuhyba, no dia 30 de maio de 1914, realizou-se uma grande conferência política cuja tese escolhida foi: “Se a Constituição da República, não deu aos Estados representação exterior, bancos emissores, moedas e alianças, deu-lhes por outro lado, o direito de fazer sua administração e de eleger unanimemente o seu governo”. Nesta conferência, o Dr. Avelino, em nome do partido, recusa o apoio a candidatura Sodré e empenha solidariedade a Peçanha.
Tendo compromissos no Rio de Janeiro, o Dr. Avelino hospedou-se na quinta-feira, dia 1 de julho de 1915 no Hotel Globo, no centro da cidade.
Tentando dar mais atenção a vida pessoal, o Dr. Avelino teve a família como companhia em viagem ao Rio de janeiro, onde hospedaram-se todos no Hotel Globo no sábado, dia 31 de julho de 1915.
O ano de 1916 ficou marcado por muita dor na vida da família do Dr. Avelino. A 7 h da manhã, Amandina Barcellos Gonçalves, despediu-se da vida em 25 de setembro do mencionado ano, aos vinte e quatro anos de idade, deixando um vazio na vida de seus pais Avelino e Adelaide, seus irmãos Abigail, Atila e Ataliba, e de seu esposo Joaquim Gonçalves. Foi celebrada missa de sétimo dia na Catedral de Niterói, no dia 2 de outubro.
Fato inusitado ocorreu na carreira deste médico sempre solícito a atender a população de Santo Aleixo. Durante os festejos em comemoração ao “Centenário da Independência do Brasil”, nesta localidade foi chamado com urgência para um atendimento. O Sr. Flanklin Carvalho de Siqueira, havia sido presidente da Filarmônica Santo Aleixo, no ano anterior. Alguns de seus filhos faziam parte do corpo musical da mesma. O dia era de alegria e o povo estava eufórico para participar da programação. O Sr. Franklin assistia entusiasmado da janela de sua casa a alvorada da Filarmônica, quando foi acometido por mal súbito. O Dr. Avelino, mesmo com sua presteza de chegar ao local, não lhe foi possível nenhuma intervenção em tempo hábil, vindo a óbito o infeliz, causado por Syncope cardíaca. Coube ao Dr. Avelino comunicar a esta família a morte de seu patriarca em dia tão marcante para a localidade. A Filarmônica que havia preparado peças alegres de seu repertório, substituiu-as por marchas fúnebres. A localidade passou da festa ao luto em menos de fração de hora. (O Jornal - ed. 1125 - ano 1922)
Foram formadas as bancas examinadoras para o ano letivo de 1928. Na sexta Região do Estado do Rio de Janeiro (Nova Friburgo, Bom Jardim, Duas Barras, Carmo, Sant’Anna de Japuhyba), os exames foram marcados para o dia 16 de novembro. Ficou estabelecido para a Escola Mixta de Guapiassú: presidente da banca examinadora - Dr. Avelino Ferreira de Barcellos; examinadoras - DD Ernestina Ferreira Campos e Tita Vieira.
Um concorrido banquete político se realizou no dia 11 de maio de 1929 em Cachoeiras de Macacu. Foi recebido e homenageado o Tenente-coronel Dr. Basílio Taborda, chefe político de Santana de Japuhyba que estava em serviço militar no sul do país. Neste banquete, o homenageado usando da palavra, enalteceu a figura do Dr. Avelino Barcellos como real prestígio político do 3ª distrito daquela localidade.
Em Santo Aleixo, o Dr. Avelino formou uma nova família. Se uniu a Mathilde Maria da Silva, com quem teve uma filha, Albertina Ferreira Barcelos que por sua vez casou-se com Maximiniano Francisco da Rosa. Como resultado desta segunda união, Dr. Avelino teve onze netos - Pedro Ferreira de Barcelos, Rita Ferreira Barcelos Bastos, Bartolomeu Ferreira Barcelos, Baufrídio Ferreira Barcelos, Nilo Ferreira Barcelos, Maria de Lourdes Ferreira Barcelos, Antônio Ferreira Barcelos, Carmelita Ferreira Barcelos,, Davi Ferreira Barcelos, Maria Benedita Ferreira de Barcelos e Álvaro Ferreira Barcelos.
Sombrio para o seio familiar foi o dia 30 de julho de 1938. As dezesseis horas, o Dr. Avelino Ferreira de Barcellos, aos setenta e dois anos de idade, sofreu provável colapso cardíaco em sua residência na localidade de Santo Aleixo - Magé - RJ. Seu óbito foi atestado pelo comerciante Gilberto de Araujo Barbosa e pelo farmacêutico prático licenciado, Waldemar Colombo Garcia. Encerrou-se assim o ciclo de vida de um homem que se dedicou a cuidar da saúde e bem estar das pessoas, muitas vezes prejudicando a própria vida familiar, tendo deixado grande sentimento de gratidão no coração de seus pacientes.
Dr. Avelino não era mageense, mas dedicou muitos de seus dias a servir o povo daquela municipalidade, em especial ao distrito de Santo Aleixo para onde foi em função do atendimento ao operariado e suas famílias. Foi homenageado como patrono de escola naquele distrito, por reconhecimento público de sua importância para aquela população. Este era o motivo da localidade ter possuído uma instituição que se denominava a princípio “Grupo Escolar Avelino Barcellos”... O tempo passou, a instituição mudou de nome, mas a história do Dr. Avelino precisa ser conhecida e valorizada.
Muito ainda se tem a conhecer sobre a vida do Dr. Avelino e certamente registros devem ser encontrados em Santo Aleixo, deixo aqui apenas uma humilde contribuição para que seja despertado o interesse sobre o médico, político e ser humano
AVELINO FERREIRA DE BARCELOS
PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ.
Renata Moreira Goulart da Silveira Guerra
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