sexta-feira, 25 de setembro de 2015


A influência da música na saúde mental

Ivone Boechat


A música se destaca dentre as expressões artísticas, desde os primórdios da narrativa bíblica. No século VI a.C, Pitágoras afirmava: “A música e a dieta são os dois principais meios de limpar a alma e o corpo e manter a harmonia e a saúde de todo organismo”.
Nada no planeta escapa aos efeitos da música. Ela interfere em tudo: na digestão, na produção de secreções, na circulação sanguínea, nas batidas cardíacas, na respiração, na nutrição e nas inteligências.
O alemão Tartchanoff, especialista nos fenômenos cerebrais, provou que “A música exerce poderosa influência sobre a atividade muscular, que aumenta ou diminui, de acordo com o ritmo, o volume, o estilo”. Os sons são dinamogênicos, isto é, aumentam a energia muscular em função de sua intensidade e ritmo. Ou o inverso: a música pode paralisar. O uso errado da música encurta a vida e, corretamente usada, ajuda a preservá-la. As batidas cardíacas podem ser reguladas ou transtornadas pelos sons musicais. O rock, por exemplo, faz mal à saúde física e mental, e vicia tanto quanto qualquer droga química. Um rock-dependente submetido a um tratamento de desintoxicação mental demora muito para curar a desarmonia no seu metabolismo.
Já os ritmos harmoniosos são estimulantes, sedativos, ajudam a recuperar o sono e fixam a memória. A medicina usa a música na terapia de partos, cirurgias, tratamentos dentários etc. Empresas de saúde entretêm pacientes em sala de espera com música suave, neutralizando a ansiedade.
Médicos de Los Angeles, EUA, selecionam músicas para relaxar no tratamento de pacientes com dores. No Brasil a música é usada na assistência a doentes terminais.
Há muito se sabe que a música estimula a produção no trabalho. Em restaurantes, se inteligentemente usada, ela estimula o apetite, o romantismo, a confraternização, as comemorações. Nos quartéis, desperta o espírito cívico. A Bíblia conta, por exemplo, que o rei Jeosafá usou um grandioso coral e uma banda de música para intimidar o inimigo (II Cr 20). Ganhou a batalha!
Shakespeare dizia que a música: “Presta auxílio a mentes enfermas, arranca da memória uma tristeza arraigada, arrasa as ansiedades escritas no cérebro e, com seu doce e esquecedor antídoto, limpa o seio de todas as matérias perigosas que pesam sobre o coração”.
Para cada ambiente há ritmos, sons e volumes apropriados. Porém, o volume acima de 60 decibéis, segundo órgãos internacionais de saúde, pode causar espasmos e lesões cerebrais irreversíveis. Mais de 90 decibéis, e o excesso sonoro e rítmico calcificam parcialmente o cérebro, bloqueando a memória. A mensagem externa não pode ser gravada, porque a química está alterada pelo excesso de adrenalina.
A epilepsia musicogênica resulta do excesso de ruídos musicais, incluindo convulsões. A lesão produzida pelo mau uso do som pode até matar, se a vítima não for adequadamente tratada. Desde o quarto mês de gestação, os bebês já podem perceber a agressão externa pela inteligência corporal. A ansiedade de uma grávida onde o som ultrapassa os limites humanos de segurança é percebida e registrada pelo feto.
Hoje, muitos jovens têm problemas de audição comuns em idosos, o que explica o volume exagerado de músicas em festas e cultos. Isso leva a sons cada vez mais altos. Outros efeitos negativos são irritabilidade, memória confusa, baixa aprendizagem, baixa autoestima, insônia, cefaleia, vômitos, impotência, morte etc.
Na Alemanha, um estudo revelou que 70 decibéis sistemáticos de “música” causam constrição vascular – mortal, se as artérias coronárias já estiverem estreitadas pela arteriosclerose. Quem usa marca-passo deve fugir desses ambientes! É comum o mal-estar súbito em pessoas durante festas em que a música, ao invés de ser um bem passou a ser arma. É uma questão de saúde pública!
Por outro lado, a música sensibiliza, entusiasma, fortalece a memória, consola, tranqüiliza, desperta a atenção, mobiliza  inteligências...
Nos céus de Belém, anjos cantaram naquela noite em que a Internet de Deus se abriu à humanidade, em sons harmoniosos e o data-show celestial revelou “... novas de grande alegria...” Lc 2:10


Extraído do livro A família no século XXI 1ª edição Reproarte 2001 RJ

segunda-feira, 21 de setembro de 2015





Monólogo da árvore


Ivone Boechat

Fui gerada no útero de uma pequenina semente.
Vim ao mundo com a missão de preservar a vida coletiva!
Minha família é muito grande: todos os seres que
habitam o Planeta.
Como todo ser vivo, respiro, sinto e percebo fluidos ao meu redor.
Preciso de oxigênio e de muito amor para oferecer abrigo e conforto à Natureza.
Meu crescimento vai depender da espécie,
 da região, do tamanho do
espaço onde me plantarem, do respeito.
Busco desesperada pela luz do sol,
me entorto, me estico se precisar,
passo por cima de tudo para sobreviver.
Quantas vezes você me corta,
porque estou feia, gorda, velha, incomodando...
não estou produzindo. Você cuida de mim?
Tudo é desculpa para me derrubar...
As árvores são discriminadas! Aquelas floridas,
perfumadas, altaneiras são mais cortejadas.
Lembre-se de que todos precisam de mim...ah! os passarinhos precisam
das árvores, porque ali habitam, cantam, seduzem,
fazem os ninhos.
Ajude a lutar por mim.

Cada árvore que se corta é um atentado à própria vida.

Mensagens e poesias Ivone Boechat
                                                       Amanhecer 4a.edição 2014 RJ

segunda-feira, 7 de setembro de 2015


Brasil, seus filhos hoje aqui estão, de mãos dadas, vibrantes, com toda a força que a união encerra, nessa mistura de raças, nessa grandeza de pensamentos.
Meu Brasil, é preciso traçar seu perfil nos versos do poeta brasileiro, rimar sua beleza, cantar seu ritmo, sonhar ao som de suas maravilhosas cascatas: viver, um só ideal, uma só bandeira, uma só canção de liberdade.
A natureza buscou todas as flores ao orvalho das auroras e fez esse lindo jardim, tapete verdejante desta linda terra. Nesta apoteose de cores, cantamos em uníssono o seu hino, numa demonstração de fé, de contemplação e de paz.
Estamos conscientes da importância inaudita da integração de forças.
Brasil, somos gente que aprendeu a amá-lo e nossa alegria é imensa por vê-lo caminhando em busca de nobres ideais, novas diretrizes, com a mais profunda vontade de acertar.
Nas páginas eternas de sua história, Brasil, brilha, ainda hoje, a auréola resplandecente dos heróis, comemorando vitórias, conquistas, destemor.
Brasil das colinas verdejantes, do Cruzeiro do Sul, das jangadas, do Amazonas.
Brasil das vitórias-régias, do manancial de cores, das manhãs radiosas, em constante primavera.
Pátria, o coração bate ao compasso do entusiasmo do seu povo herói.Terra de Santa Cruz, imensa cruz, sobre a qual reclinamos a cabeça, como num altar, em prece fervorosa, numa constante ação de graças.
É preciso contar que este chão não é uma dádiva do céu, somente. É o resultado de muitas vidas que se doaram em renúncia: vidas que não morreram – transformaram-se em exemplo de vida.
Nossa saudação é dos que sabem sorrir, dos que sabem amar, dos que sabem ficar e jamais se negam de partir, se preciso for.

Ivone Boechat

Publicado no livro Por uma Escola Humana, Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

quinta-feira, 3 de setembro de 2015


                                        Mensagens e poesias Ivone Boechat 2014 RJ