Natal
Ivone Boechat
Nossos corpos se enfeitam com a beleza da gratidão e as luzes da fé para compor o presépio de
Natal na gruta da oração: Jesus Nasceu!
Há, por toda parte, notas musicais na pauta de cada
gesto. A grandiosa orquestra do amor afina seus acordes na harpa dos séculos. É Natal!
Na simbiose definitiva do perdão e da prece,
lágrimas se derramam no cálice da esperança. Nós, ovelhas do campo de Belém,
apascentamos a doce alegria da promessa cumprida.
A noiva celestial levanta sua grinalda de estrelas
e contempla a eternidade no berço humilde da estrebaria. Em meio aos rumores do
mistério, a vida se define e se justifica no calor dos braços de Maria, Mãe do Amor!
Natal de árvores brilhantes e rostos apagados na
sobrevivência do abandono. Natal do encontro de pessoas desencontradas na
distância. Natal da criança feliz, abrindo fitas na festa da ilusão de cada
dia.
Natal do menino que chora, que pede e se despede nas ruas da amargura.
Natal dos manjares, da toalha de linho, das velas coloridas na anemia da
vaidade. Natal de Jesus Cristo, diariamente, no calor do abraço amigo, da mão
estendida, do olhar carinhoso, do teto e da porta aberta.
Natal da fé! Natal da
Igreja de Cristo, pronta, forte, confiante, guerreira. Natal da caridade
que se esforça e vai às favelas, distribui esperança, planta a justiça, semeia
o Evangelho, acende a luz das Boas Novas. Natal de felicidade na certeza do
olhar de cada rosto.
Natal sempre, de janeiro a dezembro, sem dia
pré-estabelecido no coração dos homens de má vontade. Natal no propósito, no
desejo de servir ao próximo aflito, distante, na frieza do egoísmo. Natal do
perdão, sem barreiras, sem bandeiras, protocolos, normas, constituições. Natal
de ações.
Natal de agora, na ternura, no altar, suplicando,
de joelhos, que Jesus Cristo continue iluminando corações, multiplicando a
capacidade de amar, de servir, de ir, ou de ficar de olhos fixos na Sua
palavra, na Sua promessa de arrebatamento no juízo final.
Feliz Natal!
(Escola Comunitária-1ª edição CNEC DF 1992)
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