Monólogo da criança
Ivone Boechat
Sou criança! Cheguei, recentemente, de uma longa viagem, andei pelo caminho misterioso
do pensamento dos meus pais e, durante a concepção, fiz um estágio muito feliz,
ao lado do coração da minha mãe.
Estou aqui, um pouco
assustada, porque os adultos conversam coisas estranhas que ainda não consegui
entender. A vida é simples, bonita e colorida, por que complicam tanto? Sabe,
imaginam que nós, crianças, somos incapazes, fracas e bobas. Não é nada disto.
A gente apenas se esforça
para crescer e ajudar a construir este mundo: soltar os passarinhos das
gaiolas; fazer jardins para os beija-flores; salvar o azul cristalino dos rios;
abrir as janelas das casas e soltar as pessoas... proteger os animais!
As pessoas crescem, ficam
fortes, nos sufocam com as suas idéias, não nos deixam falar.
Quero dizer que toda criança traz uma mensagem
divina de paz.
Por favor, se você está triste, magoado, ou muito cansado, que culpa têm as
crianças? Não deposite suas dores e lágrimas nesta plantinha que mal começa a
brotar, ela se chama criança, para crescer e florescer feliz dê a ela fluídos
magnéticos e milagrosos do Amor.
Publicado no livro Escola Comunitária, 1.ed.
CNEC- 1993 Brasília DF
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