quinta-feira, 7 de setembro de 2017


Amor á Pátria

Ivone Boechat

Os estudantes estão ouvindo na Escola, desde as primeiras séries, "que tudo está errado", "que não há solução pra nada" e "do jeito que as coisas caminham, a tendência é piorar sempre". Ora, se a esperança for destruída e o espírito de luta for totalmente desestimulado por esse tipo de “educação” de um número expressivo de “educadores”, se o “discurso pedagógico” estiver baseado no pessimismo, como sobreviverão emocionalmente as pessoas?
Nas piores épocas passadas, quando se alinhavavam as principais mudanças em todos os setores sociais, políticos, religiosos, os professores e pais ensinaram sobre a importância da fé, orientando e sublinhando que um belo futuro se faz com a luta e a participação de todos; o lema sempre foi: “a união faz a força”. Mas, será que a atual geração se esqueceu de educar os filhos? Foi isso? O sentimento cívico era incentivado e a esperança, também. Na Escola  os hinos à Pátria eram cantados com a mão direita sobre o peito, com imenso entusiasmo. Ensinava-se a amar a Pátria. Muitos ainda educam assim, felizmente!
A juventude está atônita á procura de valores que respondam às ansiedades da atualidade. Há uma política pública e privada de vida, muito mal estruturada, porque só se dá realce às coisas negativas. Se a mentira estiver de sapato alto, com batom da marca “boato”, espalhando o pó de mico da desconfiança pra todo lado, é evidente que o desânimo vai se instalar e pode corroer as expectativas de luta das pessoas, de qualquer idade.
Imerso nas comunicações e nas contaminações das poeiras abomináveis desse mundo armado até às estrelas, há que se ensinar, sim, a esperança. A educação dada pelo pessimista não pode invadir o território do sonho infantil com idéias apocalípticas. Até parece que é também proibido ser criança! Pelo menos que lhe dêem o direito de sonhar com o futuro. Tempos melhores virão!
Oxalá que se possa trabalhar com mais sensibilidade na educação, respeitando sonhos, para que os bebês que estão indo de fraldas para essas escolas, cheios de fantasias, de esperança,  desfrutem do mais sagrado privilégio do ser racional: possam crer que tudo vai melhorar! Se isto não acontecer, será muito sombria a  herança social produzida pelos meios de comunicação mal usados e pelos “educadores” mal resolvidos, ou seja, mal formados.



Publicado no livro Por uma Escola Humana, Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

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