Conta-se que um político famoso, com ficha invejável de
corrupção, sonhou que morreu e quando abriu o olho estava no céu. Ih! Foi uma
festa! Ali estavam corruptos de todos os estados do Brasil, agrupados, tristes,
num canto, totalmente desajustados, inadaptados, enfadados. Com a chegada do
novo colega de trabalho na terra, se animaram.
- Que bom que você chegou!
Disseram em coro.
- Vamos falar com alguém aqui no céu para resolver nosso
problema.
-Como poderemos
descansar a alma num ambiente sem disse-me-disse, sem corrupção, sem
toma-lá-dá-cá, sem nepotismo, sem tentação ? Como pode alguém ser feliz assim?
Então os políticos
reclamaram e foram orientados a decidir onde gostariam de ficar eternamente.
Foram para o plenário e teriam que votar democraticamente num painel, mas foi
explicado que ninguém poderia fraudar o resultado. Havia duas opções: CÉU ou
INFERNO. Inferno ganhou por unanimidade.
Os políticos
desceram para o inferno se regozijando com o resultado. Ali, o dono do inferno
recebeu aquelas almas com espetacular festa: bumba meu boi, forró, samba,
carnaval, axé, fofoca pra todo lado, traição, corrupção, fraudes, propinas,
fingimento...
A cada cinco minutos
ressoavam no inferno promessas de melhores dias, parecia que tudo ia se
transformar num paraíso. Foi uns quinze dias de promessas, propostas, abraços,
churrasco, buchada, macarronada, festival de sorvete, chimarrão, mas no décimo
sexto dia, começaram a sentir um cheiro de enxofre, gemidos, tristeza, luzes
foram se apagando e ninguém conseguia ver nem o companheiro.
A comida e as bebidas acabaram e o sofrimento chegou.
Reclamações e dores se instalaram.
O grupo já não
era visível. Reclamar onde? O dono do inferno sumiu, não tinha mais onde buscar
solução de nada. Um deles, daqueles políticos que mais pecaram no mundo,
conseguiu falar, falar não, gritar:
- Ei, se alguém
está me ouvindo responda, porque fomos felizes nos primeiros dias e agora
estamos nessa agonia tão grande.
E uma voz
horripilante esbravejou:
- Os primeiros
dias são reservados para a minha campanha eleitoral, fui eleito, agora começou
o meu programa de governo.Rá,rá,rá,rá,rá...
Ai, que alívio,
foi um pesadelo, acordou o político.
(autor
desconhecido)
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