Inveja
Ivone
Boechat (autora)
Foi por inveja que a primeira família
que se tem notícia foi parar na manchete policial do Éden. É um poderoso vírus
que desarmoniza o cérebro e o homem pode perder o rumo de sua história, se não
aprender a usar, desde muito cedo, o antivírus da educação. Na coleção de
ensinamentos do livro da sabedoria, em Provérbios 14:30, há uma advertência: “O sentimento sadio é vida para o
corpo, mas a inveja é podridão para os ossos”. Os ossos do invejoso não são
resistentes. O invejoso não pára em pé, tropeça o tempo todo no sucesso dos
outros!
Segundo o dicionário Aurélio, “A inveja é o desgosto ou pesar pelo bem
ou felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio”.
Como educar para administrar a inveja? A inveja
atua no ramo das paixões. As paixões desnorteiam. Segundo Crabb “O ciúme teme perder o que
possui; a inveja sofre ao ver o outro possuir o que quer para si”. Já a
psicanalista austríaca Melanie Klein (1882-1960)
diz que “As origens da inveja derivam da agressão
constitucional”. O ser humano traz no seu kit
de sobrevivência fatores de enfraquecimento da self. São os chamados pontos fracos. É preciso aprender a
administrá-los. Klein diferenciou inveja, ganância e ciúme como manifestações
do instinto agressivo.
A ciência descobriu que há um lugar no cérebro onde atua a inveja. Pela
primeira vez uma pesquisa científica mostrou onde ela e o shadenfreude – palavra alemã que dá nome ao sentimento de prazer
que o invejoso experimenta ao presenciar o infortúnio do invejado – são
processados na mente humana.
Então, quanto mais cedo se educar, melhores poderão
ser os resultados. A criança chega à escola, quase um bebê, e ai da humanidade
que não tem uma escola que educa: aquela que só ensina a procurar o valor de X.
As músicas, as histórias e as atividades lúdicas abrem espaço para aulas
admiráveis sobre a arte de viver. É só planejar. Mãos à obra!
A inveja provoca a cegueira e desperta a ganância.
Conta-se que um dia a inveja e a ganância passeavam de mãos dadas. De repente,
tropeçaram numa lâmpada maravilhosa e de lá saiu um gênio. Ele foi logo
perguntando:
- Quem são vocês?
A inveja bateu no peito e disse:
- Sou a inveja. Estou caminhando com minha amiga
ganância.
E o gênio pergunta?
- Quem é a mais velha, você ou a ganância?
- Eu, disse a inveja, eu nasci primeiro.
E o gênio virou-se para a inveja e disse:
- Você pode pedir tudo o que você quiser. Entendeu?
Tudo. Só que eu darei em dobro para a ganância aquilo que você pedir.
A inveja pensou, pensou, pensou e disse: - Fura um
olho meu.
Muita gente perde ótimas oportunidades pela vida
afora, porque ficou o tempo todo contabilizando o que o outro tem. Fica
imaginando um jeito de prejudicar, explorar, de tomar, de se comparar.
O invejoso não é só invejoso! É fingido também.
Para não despertar tanta inveja nos outros, evite
contar suas vitórias retumbantes, conte suas lutas diárias! O invejoso ficará
mais aliviado com suas dores na sobrevivência. Há um ditado popular que diz: "Não grite sua felicidade tão alto, a inveja tem sono leve.”
Não dê relatório do seu patrimônio financeiro nem
cultural, seja simples. Inveja de rico talvez seja pior do que inveja de pobre.
O rico finge que não viu e sofre, porque você conseguiu o seu charme. Aí começa
a esnobar, contar vantagem. Fantasia-se para o carnaval social e vai cheio de
brilhos e paetês na comissão de frente! O pobre não disfarça, vê e sofre,
empina o nariz, cultiva complexos. Ambos perturbam, desgastam, estressam.
Comece agora mesmo um novo jeito de viver! Nunca
compare o que você tem hoje com o que o outro tem. Compare o que você tem hoje
com o que você não tinha ontem.
Nunca olhe para as conquistas alheias e se esqueça
das suas. Nunca finja que não viu os talentos, dons e virtudes do outro. Comece
agora a treinar para elogiar o próximo vitorioso. Planeje sua vida para
melhorar, pelo menos, 1% todo dia!
Tire a lupa de cima dos defeitos e erros do seu
vizinho, do amigo, do colega de trabalho. Faça um balanço diário, com avaliação de suas atitudes por onde você
caminha e influencia.
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