A sustentabilidade humana
O homem busca, em desespero, mas antes tarde do que
nunca, a preservação do que sobrou neste Planeta. Não é impossível, até porque
atitudes simples têm o poder de mudar o rumo de coisas importantes. Mas eis o
impasse: por que não se começa a educar para o equilíbrio da ecologia humana?
Quanto custa o esforço por um abraço, um sorriso, uma demonstração de afeto?
A Escola gasta quase todo o tempo destinado a ela
resolvendo equações de primeiro e segundo graus e a criança vive refém de
deveres de casa. Não há tempo nem espaço para brincar. Elas estão procurando o
valor de X e muitas, a maioria, talvez, não encontra o próprio valor!
Dirão muitos que a concorrência exige tudo isso na
corrida desenfreada ao mercado de trabalho: passar nos concursos, nos vestibulares
e arranjar emprego... Ah! O emprego... com salários escravizantes...
Certa vez, perguntaram a uma famosa atriz,
centenária, o que a levou ao sucesso nos palcos do teatro e ela nem pestanejou:
a fome. Estudar não lhe fez falta? Perguntou o repórter, e ela disse que não,
porque a professora só ensinava algarismos romanos até 100. Por negligência, a
Escola deixou de ensinar a preservar, a amar uns aos outros, a compartilhar, a
viver em grupo e tantas outras coisas fundamentais à felicidade humana!
A educação tem os recursos pedagógicos para
transformar a humanidade. Quem falhou? Ao invés de se ensinar só doutrinas,
porque não se ensinam valores? Fé, amor, paz, união, misericórdia,
fraternidade, solidariedade? Ensinar ao homem a ser bom é um grande desafio.
Todas as guerras do Planeta têm origem nas doutrinas.
Quando o homem reflorestar as idéias, podar os galhos
secos da ira, regar suas raízes no manancial da fé, vai colher os frutos de um
mundo oxigenado de amor. O homem equilibrado vai equilibrar o Planeta!
Ivone Boechat
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