Academia Virtual Mageense de Ciências, Letras e Artes - AVIMACLA
Patrono: Felipe Tiago Gomes
Presidente: Ivone Boechat
PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ
Valdomero Moura nasceu em Magé – RJ, no dia 14 de agosto de 1918 e faleceu no dia 15 de junho de 2007
Era garoto, quando morava quase ao lado da Sede da Banda “Grupo Musical Carlos Gomes”, lá pelos anos mil novecentos e vinte e poucos.
Já naquele tempo a música tocada por músicos pioneiros tocava também o coração daquele menino que ficava olhando os ensaios.
Não deu outra: aos 13 anos aprendia com os mestres Carlos Gonçalves, João José e Germano Fortuna e se transformava num exímio trombonista.
O som do seu trombone abrilhantou o Cinema Mudo, bailes do Mageense e do Bonfim, encantando os jovens da época.
Dentre colegas de música, dois eram seus amigos especiais: Doca e Lôro.
Lembrando: O ponto de encontro dos músicos era o Salão de Fernando Cabeleireiro, uma espécie de Café Nice aqui da Terra: era lá que muita gente levava seu instrumento para apresentar chorinhos, foxes, valsas, enfim – a melhor música.
Valdomero casou-se com Mirinha, filha de Dona Zulmira... professora de Piano famosa. Dona Zulmira, como era conhecida em sua juventude, era amiga de Chiquinha Gonzaga. Filha do atacadista português João de Souza Machado, amigo do Imperador D. Pedro II, arrendatário de muitos Armazéns no Cais do Porto.
Zulmira nasceu numa luxuosa mansão no Morro da Saúde, Rio de Janeiro. Com apenas 8 anos, já se exibia ao piano em festinhas e recitais. Tocou piano para o Barão do Rio Branco.
Dona Zulmira era sogra do Valdomero Moura, avó do Joze Walter Moura, Membro da Academia Virtual de Ciências, Letras e Artes –AVIMACLA.
Aos 26 anos, Valdomero foi trabalhar em Santo Aleixo e logo se destacou como músico, em bailes do Guarani e do Andorinhas. Quando acabou a Segunda Guerra, todos ouviam o seu trombone ressoar “Deus Salve a América” à frente do povo pelas ruas.
Dois feitos notáveis de Valdomero Moura
Primeiro: convidado pela Fábrica Esther, em apenas 18 meses preparou jovens músicos a tempo de montar uma Banda para tocar na inauguração do cinema Recreio. Dava aulas de música, gratuitamente, das 19 às 21 hs.
Essa banda, de disciplina militar, tocava em solenidades e Festas em Santo Aleixo, Magé (São Pedro), Guapimirim, etc.
Depois: Inventou a “Tarde Dançante” – um baile em pleno Domingo à tarde, das 5 às 7 horas – inacreditável!
Foi só criar o hábito: O baile ficava lotado de moças e rapazes, arrumados e perfumados. E, é claro, a rapaziada adorava...
Dançavam abraçadinhos, ao som do trombone romântico... era bolero, samba-canção, baião, mambo-rumba, blues, cha-cha-chá ...
Foram 15 anos quase ininterruptos, todos os domingos, era o encontro sagrado da juventude de Magé, Santo Aleixo, Andorinhas, etc.
Na Tarde Dançante surgiram Namoros e Casamentos que originaram a formação de Famílias tradicionais até hoje em Magé.
Além desses, outros eventos marcaram sua presença musical: Eram Festas beneficentes (Centro Espírita), Casamentos, Aniversários, São João, Circos, Procissões... sempre ele arranjava uns colegas e montava um conjunto para tocar.
No mesmo tempo, Valdomero fundou uma pequena Orquestra de elite para bailes de formatura (tipo traje passeio completo) e solenidades afins, chamada “Musical Othon”. Dela participaram Jorge Tardelly, Dulcilando (Macaé), Adilson Menezes, Dino (Deusedino Lopes) e tantos outros.
E nos Carnavais, sempre chamado a tocar, passava horas e horas preparando centenas de marchas e sambas da ocasião.
Relacionou-se com muitos compositores do Rio dos quais recebia as partituras.
Foi amigo pessoal de Mário Rossi. Como Maestro, era conhecido na SBACEM ( Sociedade Brasileira dos Autores Compositores e Editores de Música) Mário Rossi foi diretor e na UBC (União Brasileira de Compositores).
Conclusão: Os Bailes Carnavalescos eram inesquecíveis – por várias vezes, ao final, o público o carregava em delírio, dando voltas no salão, enquanto ele continuava tocando as últimas melodias da quarta-feira.
Nos anos 50 foi candidato a Vereador mas logo retirou a sua candidatura e abandonou a Política, ao perceber que estava perdendo amizades.
Criou quatro filhos, todos Formados, com muito sacrifício: trabalhou como vendedor para Fábrica de Vassouras, Fábrica de Bebidas Esperança – todos os dias percorria Sto Aleixo de bicicleta para tirar os seus pedidos.
Trabalhou no SNM (Serviço Nacional da Malária) no combate à febre amarela.
Notabilizou-se como Corretor de Seguros pela excelência do atendimento.
Uma vez viúvo, percorreu sozinho muitos lugares, toda a Europa, Egito, etc.
Sem falar qualquer língua estrangeira, comunicava-se perfeitamente por gestos e entonações.
Em 2005 foi instituído o “Prêmio Jovem Valdomero Moura” para o II Festival da Canção Estudantil em 8 de novembro. O homenageado Valdomero compareceu e em seu discurso final apenas conclamou as Autoridades a “restabelecer o Ensino de Música nas Escolas para melhor formação dos nossos Jovens” ...
Pois bem! O Homem que preparou tanta coisa boa para a Juventude nunca se deixou abalar por dificuldades: já pela casa dos oitenta anos foi acometido de Mal de Parkinson.
Parado? Nada disso: ele passou a tocar um Sax eletrônico que comprara na Europa.
Aos 83 anos montou um Conjunto regional, “Os Garotos”, pronto a servir a quem quisesse apreciar, ouvir e dançar músicas tradicionais (Chorinho, Bolero, Samba-Canção, etc), com direito a alguma bossa nova e coisas assim.
Eram Dodô, saudoso Paulino e Dézinho.
Apesar do tremor nas mãos, Valdomero ainda assim, coseguia tocar as músicas no sax.
Em seu último vídeo ele faz um solo de “Carinhoso”, acompanhado por seu filho Edson e por sua neta Gabriela.
Faleceu em meados de Junho de 2007 com 89 anos incompletos.
E dessa semente, de talento, dedicação e amor à música, muitas plantas nasceram e frutificaram. Na mesma árvore, os filhos e netos – todos com boa musicalidade, cantando e tocando os mais diferentes instrumentos.
E nas outras Árvores, onde brota o talento da Juventude Mageense, se lhes examinarmos as raízes e acharmos um “dó-ré-mi”, poderemos, quem sabe, encontrar uma assinatura: Valdomero Moura.
(Texto de Joze Walter de Moura)
A Academia Virtual Mageense de Ciências, Letras e Artes - AVIMACLA reconhece o grande talento do notável instrumentista, do compositor e amigo das artes, do cidadão cuja trajetória honra o Município, do ser humano que deixou um lindo rastro de luz
VALDOMERO MOURA
PERSONALIDADE QUE ESCREVEU UMA BONITA PÁGINA NA HISTÓRIA DE MAGÉ.
Magé, 14 de agosto de 2021
Presidente
Ivone Boechat
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